sexta-feira, 29 de abril de 2016

Hiroya Oku e os filmes de Hollywood (2ª parte da entrevista com o autor)



Entrevista por Misaki C. Kido

Você já se perguntou de onde um grande artista ganha suas influências? Hiroya Oku admite a sua paixão e admiração por filmes de Hollywood e outros meios de comunicação populares, o que explica, em parte, a sua narrativa cinematográfica nos mangás Inuyashiki e Gantz . Mas quão profundo ele vai para expressar verdadeiramente algo original que já não tenha sido feito por Hollywood? É o jeito mais profundo que se possa imaginar.



Esta é a Parte 2 da entrevista com Hiroya Oku . Clique aqui para Part 1 (sobre Inuyashiki) .






Kodansha Comics (KC): Você tem algum hobby?
Hiroya Oku (HO): Adoro colecionar bonecos e assistir filmes. Eu sempre assisti filmes. Às vezes eu vou assistir um filme no cinema, e no caminho de casa, eu alugo um outro filme. Acho que assisto pelo menos um filme por dia. [risos]
A estatueta de Reika de GANTZ na mesa de Oku.

KC: Que tipo de filme você gosta de assistir? 
HO: Geralmente eu gosto de ação ou ficção científica, mas também assisto a romances ou dramas, ou todos os filmes da América, França, Irã, ou em qualquer lugar que pareça interessante.

KC: Você assistiu algum filme bom recentemente?
HO: Eu gostei Kingsman: Serviço Secreto.

KC: Você acha que assistir filmes ajuda a sua narrativa de alguma forma?
HO: Eu não quero ficar na cola de nenhuma moda de Hollywood e videogames. Eu uso a internet para manter a minha expressão mais avançada do que a mídia lá de fora. É que eu quero tirar a minha própria expressão, um pouco mais do que o que já tem lá. Meu objetivo é fazer algo que não foi feito por ninguém ainda. Se alguém fala: "Ah, isso parece o jogo Halo", isso significa que não fiz algo realmente interessante, porque não é realmente original. Se alguém diz: "Eu nunca vi nada como isso antes," então isso é o que eu tava procurando. Seja mangá, filmes ou anime... as pessoas não estarão interessadas ​​em seu trabalho, se você não fizer algo novo.

sala de áudio de Hiroya Oku. Ele tem uma tela de projeção, também.


KC: É difícil fazer uma obra original, quando você não tem nada para comparar? 
HO: Eu acho que é, e não é. Eu estou observando o que foi feito e o que não foi feito em filmes e em videogames. Com base nisso, eu simplesmente me pergunto: "isso foi feito antes?" O indicador está lá, então eu não tenho muita dificuldade de fazer histórias originais.


KC: Se Inuyashiki fosse um filme, que gênero seria dado a ele?
HO: Eu acho que seria mais ou menos de ficção científica ou super-heróis. Eu sempre amei o gênero super-herói desde que eu era pequeno, como Kamen Rider e Ultraman . Eu realmente não assisto essas séries de hoje em dia, mas eu ainda assisto as adaptações de filmes de quadrinhos de super-heróis americanos, tipo Homem-Aranha.

KC: Qual é a sua opinião de adaptações cinematográficas de quadrinhos?
HO: Eu acho que muitas vezes fazem um trabalho realmente bom transformando uma HQ em um filme. Honestamente, eu não sou tão interessado nos quadrinhos norte-americanos em si. Mas quando eles se tornam um filme, de repente fica mais atraente a leitura. É incrível notar que pessoas muito talentosas trabalham duro na obra original, como nos desenhos, por exemplo, e tudo aquilo se torna um filme live-action moderno.

KC: Você se inspira ao olhar para o trabalho de outras pessoas, como esses filmes?
HO: Absolutamente. Isso é basicamente tudo para mim. Eu meio que olho para eles [os criadores de Hollywood] como meus rivais. Isso me motiva a ir acima e além do que eles estão criando. Eu mesmo devoro os artbooks e livros de referência que detalham o processo de trabalho de todos esses filmes, e comparo com os trabalhos finais do filme real. É fascinante ver diferentes partes da produção do filme atribuído a talentos geniais. É com certeza difícil superá-los com a minha própria equipe pequena. No entanto, ainda temos que tentar, porque é inútil apenas "copiar" o Homem- Aranha e os Vingadores. Tentando é a única maneira de superar o que já foi feito. Isso é o que está no fundo da minha mente quando eu estou fazendo mangá.

Esta é apenas uma fração da coleção pessoal de filmes do Oku..


KC: Qual é o seu signo?
HO: Eu sou de Virgem.

KC: Você pretende trabalhar em Hollywood um dia? 
HO: Não. Na verdade, eu realmente não gosto de viajar para o exterior, porque eu estou com medo de voar em um avião. [risos] Então nada de sair daqui.

KC: E se um mangá seu virasse um filme de Hollywood, como você se sentiria então?
HO: Se isso acontecer, eu provavelmente vou ficar muito feliz. E eu estou esperando que isso aconteça algum dia. Mas isso é mais como um sonho e também tem a ver com sorte. Então eu não estou contando muito com isso.

KC: Você sabe algo dos fãs em outros países do seu trabalho?
HO: Se o meu mangá ressoa com alguém no exterior, isso significa apenas que a pessoa compartilha o meu gosto. Isso em si não seria tão surpreendente. Porque é da mesma forma como os filmes de Hollywood são apreciados por pessoas diferentes ao redor do mundo. Eu sou influenciado por filmes e videogames que eu gosto e tento  fazer algo a mais do que aquilo que já existe. Se as pessoas compram e gostam, elas vão me fazer feliz, mas isso é normal.

KC: Você tem algum comentário para seus fãs?
HO: Só de saber que há alguém de uma parte completamente diferente do mundo que gosta de ler meu mangá, me sinto muito feliz. Eu estou tentando fazer Inuyashiki como se fosse um único filme, e ele vai ficar mais emocionante conforme a série progride. Então, eu espero que os leitores sigam em frente e acompanhem Inuyashiki .

KC: Obrigado!

fonte: http://kodanshacomics.com/
tradução: Alvarock

domingo, 20 de março de 2016

O criador de Gantz, Hiroya Oku, ataca novamente!

Se você pensa que já leu de tudo no universo dos mangás... pense de novo! Inuyashiki é um dos mais novos mangás "quebra-cabeças" do autor de Gantz, Hiroya Oku.



Sobre o autor: 

"Eu tento fazer a história que quero ver a seguir", diz Hiroya, que nasceu em Fukuoka, Japão. Fez sua estreia como mangaká com HEN (dividido em duas séries diferentes, cada uma com uma trama original) que foi serializada na popular revista Weekly Young Jump. Após o sucesso de HEN, uma adaptação em live-action foi ao ar na TV em 1996.
Em 2000 ele começou a trabalhar em seu mais famoso mangá, GANTZ, que usava fundos em CG, impulsionando cenas emocionantes. Foi adaptado para anime, jogos e filmes live-action, evoluindo com a amplicidade da mídia.
Em 2014, Hiroya lançou o seu mais recente sucesso, Inuyashiki.
Vamos ver o que ele tem a dizer sobre sua nova criação.

Entrevista com Hiroya Oku


Kodansha Comics (KD): Como foi a sua infância?
Hiroya Oku (HO): Quando eu era criança, eu gostava de brincar na rua. Jogava beisebol com outras crianças, andava de patins e brincava de esconde-esconde. Eu era uma menino comum.

KD: Quando você começou com os desenhos?
HO: Eu comecei a desenhar no jardim de infância. Lembro de ter sido influenciado por um outro garoto que tava desenhado na areia com uma pedra. Eu comecei a desenhar personagens de super-heróis tokusatsu (os efeitos especiais) do programa de TV. Eram apenas rabiscos simples, então era mais fácil do que desenhar seres humanos.

KD: Você lia mangá naquela época?
HO: Não mesmo. Eu costumava mais assistir TV, então eu via animes como Star of the Giants e KIMBA do Tezuka (o leão branco). Lembro de ter começado justamente com esse.

KD: Você ainda assiste animes?
HO: Não, eu raramente assisto animes.

KD: O que estava fazendo entre sua série anterior, GANTZ e a atual, Inuyashiki?
HO: Na verdade, não houve muito tempo entre uma e outra. Já pensava em Inuyashiki enquanto terminava Gantz. Inuyashiki já estava em processo de criação. Então assim que Gantz terminou, eu já tinha Inuyashiki.


KD: Como foi a criação de Inuyashiki?
HO: Quando eu ainda estava terminando Gantz, o pessoal da editora Kodansha veio me perguntar se eu queria fazer meu próximo mangá em sua revista, então eu comecei a pensar em que tipo de história eu faria. Lembro de estar assistindo o novo filme do Astro Boy. A história de um menino que que morreu e então fizeram um robô para substituí-lo. Eu achei isso interessante. Se eu pudesse fazer minha própria versão da história, com esse mesmo esquema, poderia ser uma nova série. Esse foi o início de Inuyashiki. Quando estava trabalhando com Gantz para a Shueisha, eu tava muito preocupado com os números de popularidade e de vendas do meu mangá. É da cultura dessa revista fazer os personagens visualmente atraentes como regra tática. Quando eu comecei a trabalhar para a Evening da Kodansha, houve mais liberdade, então eu sugeri começar um com um adolescente feio como personagem principal. Eles deram sinal verde e eu comecei a desenhar o personagem. Mas algo não estava funcionando direito. Foi aí que eu tentei desenhar um homem de idade no lugar do adolescente e deu certo.

KD: Como você descreveria os dois personagens principais de Inuyashiki?
HO: Ambos eram humanos e se tornaram robôs, e por isso começaram a sentir um vazio na vida, afinal seria difícil para qualquer um lidar com isso. Eu imaginei o que eu sentiria caso acontecesse comigo, de virar uma máquina de um dia pro outro. Afim de se livrar desse vazio, um personagem começa a salvar vidas com seu novo corpo, e o outro começa a matar. Um torna-se o bem e outro torna-se o mal. E eles acabam tendo que lutar entre si.



KD: Então esses personagens tem corpo de robô e coração de humano?
HO:  Isso mesmo. Eles foram copiados de seres humanos, mas quando eles percebem que não são realmente humanos, eles ficam tristes pela nova realidade, assim eles tentam provar que estão vivos traçando novos rumos.

KD: É uma espécie de história dramática, então.
HO: Sim, sim. Astro Boy era assim também. E assim como no mundo de Astro Boy, os robôs não têm os mesmos direitos que os humanos. Isso torna-se um conflito quando o robô tem uma personalidade humana. Esse é um tema em curso para todas as obras de ficção-científica, então eu quis fazer a minha maneira.



KD: Você prefere escrever histórias ou desenhar?
HO: Gosto dos dois. Eu gosto do processo de pegar várias características e transformá-las em um mangá. Gosto de escrever e desenhar, tanto que me tornei isso que sou. Quando eu escrevo um mangá, eu começo com um plano em minha mente composto por lógicas e teorias. Mas eu tenho que combinar esses pensamentos e componentes soltos em uma única peça. Só mais tarde, quando eu olhar para aquilo, eu posso ver o que se tornou. As vezes ele acaba sendo melhor ou pior do que eu esperava. E isso é interessante pra mim. É como um experimento científico. Você tem uma teoria. Algo como misturar quimicamente A e B correndo o risco de uma explosão. As vezes vai de acordo com a sua teoria e as vezes torná-se uma explosão maior do que esperada (risos).

KD: Você tem algum exemplo de um experimento que deu errado em Inuyashiki?
HO: No meu mangá, usamos fotos como pano de fundo e CG. Então é difícil dizer como a cena vai soar até que esteja pronta. Por exemplo, nas cenas em Inuyashiki onde os personagens voam no céu, nós usamos um drone. Uma pessoa foi contratada para capturar essas cenas de visão panorâmica do mangá. Nós também alugamos um helicóptero para ter uma visão mais elevada, mas a partir do momento da decolagem, eu sabia que não seria possível capturar uma determinada cena que eu queria sem um drone. Eu não tinha ideia do que o drone iria capturar exatamente, mas acabou por cer uma cena com mais "presença" do que eu imaginava. Eu não acho que alguém já tenha usado essa cena num mangá ou talvez seja raro em filmes live-action. Então eu fiquei muito feliz. Pareceu mesmo um voo.

KD: Como é o processo do seu trabalho digital vs tradicional?
HO: Tudo, exceto pessoas e animais, é feito digitalmente. A maior parte dos cenários, os mechas e tal... mas qualquer coisa que esteja "viva" é desenhada à mão.

KD: Quando você faz um mangá, você tem um determinado publico em mente?
HO: Não exatamente. Eu tento fazer a história que eu quero ver a seguir. Eu acabo imaginando outras pessoas como eu. Um publico que gosta de todas as coisas do entretenimento, como filmes. Eu tento fazer um mangá que seja interessante para essas pessoas. Caso contrário, não há concluir. Todo mundo pensa de forma diferente e não tem como agradar todo mundo, então eu só faço o que é interessante para mim. Alguém com gostos semelhantes vai acabar apreciando o meu mangá.

Veja o que Hiroya faz de melhor!




Tradução: Alvarock
Fonte: http://myanimelist.net/

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Kei Kishimoto

Personagem



Kei Kishimoto foi uma garota que surpreendentemente apareceu nua na sala Gantz.
A razão é que ela tentou se matar cortando os pulsos enquanto tomava banho.


Com excelentes notas no colégio, o futuro de sucesso era altamente esperado por sua mãe. Sua irmã não era tão inteligente quanto ela, por isso Kishimoto se sentia pressionada. A expectativa era muito grande pra ela.
No entanto, Kishimoto foi levada para um hospital e conseguiu escapar da morte. Descobriu-se então que a Kishimoto da sala Gantz era uma cópia criada por uma decisão precipitada e errada de Gantz.


Originalmente ela não tem nenhuma grande habilidade de sobrevivência para uma pessoa na sala Gantz. No entanto, ela é do tipo que toma medidas extremas quando se trata de proteger quem ama (Kato) mesmo que isso signifique auto-sacrifício.



---- Comentário do Hiroya

A morte da Kishimoto não foi planejada desde o início. Eu pensava nela apenas como uma heroína que floreava a história.
Sobre a morte dela, uma parte da equipe dizia: "Tem certeza que vai matá-la tão cedo?". Mas tudo foi apenas parte do improviso na hora de escrever a trama. Na parte em que via a morte do Kato, foi praticamente automático fazê-la morrer também.

texto e imagens: http://gantzx.jp/
tradução: Alvarock