domingo, 20 de março de 2016

O criador de Gantz, Hiroya Oku, ataca novamente!

Se você pensa que já leu de tudo no universo dos mangás... pense de novo! Inuyashiki é um dos mais novos mangás "quebra-cabeças" do autor de Gantz, Hiroya Oku.



Sobre o autor: 

"Eu tento fazer a história que quero ver a seguir", diz Hiroya, que nasceu em Fukuoka, Japão. Fez sua estreia como mangaká com HEN (dividido em duas séries diferentes, cada uma com uma trama original) que foi serializada na popular revista Weekly Young Jump. Após o sucesso de HEN, uma adaptação em live-action foi ao ar na TV em 1996.
Em 2000 ele começou a trabalhar em seu mais famoso mangá, GANTZ, que usava fundos em CG, impulsionando cenas emocionantes. Foi adaptado para anime, jogos e filmes live-action, evoluindo com a amplicidade da mídia.
Em 2014, Hiroya lançou o seu mais recente sucesso, Inuyashiki.
Vamos ver o que ele tem a dizer sobre sua nova criação.

Entrevista com Hiroya Oku


Kodansha Comics (KD): Como foi a sua infância?
Hiroya Oku (HO): Quando eu era criança, eu gostava de brincar na rua. Jogava beisebol com outras crianças, andava de patins e brincava de esconde-esconde. Eu era uma menino comum.

KD: Quando você começou com os desenhos?
HO: Eu comecei a desenhar no jardim de infância. Lembro de ter sido influenciado por um outro garoto que tava desenhado na areia com uma pedra. Eu comecei a desenhar personagens de super-heróis tokusatsu (os efeitos especiais) do programa de TV. Eram apenas rabiscos simples, então era mais fácil do que desenhar seres humanos.

KD: Você lia mangá naquela época?
HO: Não mesmo. Eu costumava mais assistir TV, então eu via animes como Star of the Giants e KIMBA do Tezuka (o leão branco). Lembro de ter começado justamente com esse.

KD: Você ainda assiste animes?
HO: Não, eu raramente assisto animes.

KD: O que estava fazendo entre sua série anterior, GANTZ e a atual, Inuyashiki?
HO: Na verdade, não houve muito tempo entre uma e outra. Já pensava em Inuyashiki enquanto terminava Gantz. Inuyashiki já estava em processo de criação. Então assim que Gantz terminou, eu já tinha Inuyashiki.


KD: Como foi a criação de Inuyashiki?
HO: Quando eu ainda estava terminando Gantz, o pessoal da editora Kodansha veio me perguntar se eu queria fazer meu próximo mangá em sua revista, então eu comecei a pensar em que tipo de história eu faria. Lembro de estar assistindo o novo filme do Astro Boy. A história de um menino que que morreu e então fizeram um robô para substituí-lo. Eu achei isso interessante. Se eu pudesse fazer minha própria versão da história, com esse mesmo esquema, poderia ser uma nova série. Esse foi o início de Inuyashiki. Quando estava trabalhando com Gantz para a Shueisha, eu tava muito preocupado com os números de popularidade e de vendas do meu mangá. É da cultura dessa revista fazer os personagens visualmente atraentes como regra tática. Quando eu comecei a trabalhar para a Evening da Kodansha, houve mais liberdade, então eu sugeri começar um com um adolescente feio como personagem principal. Eles deram sinal verde e eu comecei a desenhar o personagem. Mas algo não estava funcionando direito. Foi aí que eu tentei desenhar um homem de idade no lugar do adolescente e deu certo.

KD: Como você descreveria os dois personagens principais de Inuyashiki?
HO: Ambos eram humanos e se tornaram robôs, e por isso começaram a sentir um vazio na vida, afinal seria difícil para qualquer um lidar com isso. Eu imaginei o que eu sentiria caso acontecesse comigo, de virar uma máquina de um dia pro outro. Afim de se livrar desse vazio, um personagem começa a salvar vidas com seu novo corpo, e o outro começa a matar. Um torna-se o bem e outro torna-se o mal. E eles acabam tendo que lutar entre si.



KD: Então esses personagens tem corpo de robô e coração de humano?
HO:  Isso mesmo. Eles foram copiados de seres humanos, mas quando eles percebem que não são realmente humanos, eles ficam tristes pela nova realidade, assim eles tentam provar que estão vivos traçando novos rumos.

KD: É uma espécie de história dramática, então.
HO: Sim, sim. Astro Boy era assim também. E assim como no mundo de Astro Boy, os robôs não têm os mesmos direitos que os humanos. Isso torna-se um conflito quando o robô tem uma personalidade humana. Esse é um tema em curso para todas as obras de ficção-científica, então eu quis fazer a minha maneira.



KD: Você prefere escrever histórias ou desenhar?
HO: Gosto dos dois. Eu gosto do processo de pegar várias características e transformá-las em um mangá. Gosto de escrever e desenhar, tanto que me tornei isso que sou. Quando eu escrevo um mangá, eu começo com um plano em minha mente composto por lógicas e teorias. Mas eu tenho que combinar esses pensamentos e componentes soltos em uma única peça. Só mais tarde, quando eu olhar para aquilo, eu posso ver o que se tornou. As vezes ele acaba sendo melhor ou pior do que eu esperava. E isso é interessante pra mim. É como um experimento científico. Você tem uma teoria. Algo como misturar quimicamente A e B correndo o risco de uma explosão. As vezes vai de acordo com a sua teoria e as vezes torná-se uma explosão maior do que esperada (risos).

KD: Você tem algum exemplo de um experimento que deu errado em Inuyashiki?
HO: No meu mangá, usamos fotos como pano de fundo e CG. Então é difícil dizer como a cena vai soar até que esteja pronta. Por exemplo, nas cenas em Inuyashiki onde os personagens voam no céu, nós usamos um drone. Uma pessoa foi contratada para capturar essas cenas de visão panorâmica do mangá. Nós também alugamos um helicóptero para ter uma visão mais elevada, mas a partir do momento da decolagem, eu sabia que não seria possível capturar uma determinada cena que eu queria sem um drone. Eu não tinha ideia do que o drone iria capturar exatamente, mas acabou por cer uma cena com mais "presença" do que eu imaginava. Eu não acho que alguém já tenha usado essa cena num mangá ou talvez seja raro em filmes live-action. Então eu fiquei muito feliz. Pareceu mesmo um voo.

KD: Como é o processo do seu trabalho digital vs tradicional?
HO: Tudo, exceto pessoas e animais, é feito digitalmente. A maior parte dos cenários, os mechas e tal... mas qualquer coisa que esteja "viva" é desenhada à mão.

KD: Quando você faz um mangá, você tem um determinado publico em mente?
HO: Não exatamente. Eu tento fazer a história que eu quero ver a seguir. Eu acabo imaginando outras pessoas como eu. Um publico que gosta de todas as coisas do entretenimento, como filmes. Eu tento fazer um mangá que seja interessante para essas pessoas. Caso contrário, não há concluir. Todo mundo pensa de forma diferente e não tem como agradar todo mundo, então eu só faço o que é interessante para mim. Alguém com gostos semelhantes vai acabar apreciando o meu mangá.

Veja o que Hiroya faz de melhor!




Tradução: Alvarock
Fonte: http://myanimelist.net/